Operação da PF gera demissão de diretor-presidente do INSS
- 24/04/2025
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou a demissão do diretor-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, após operação da Polícia Federal (PF). A investigação apura cobranças indevidas feitas por entidades em contas de pensionistas e aposentados. O caso foi revelado pelo Metrópoles.
A megaoperação, batizada de Sem Desconto, resultou no afastamento de Stefanutto e outros quatro membros da cúpula do órgão. São eles: o procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho;
o coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente do INSS, Giovani Batista Fassarella Spiecker; o diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, Vanderlei Barbosa dos Santos; e o coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios do INSS, Jacimar Fonseca da Silva.
Ao todo, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão e seis de prisão contra alvos no Distrito Federal e em 13 estados. Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Passos, a operação também apreendeu motocicletas e carros de luxo utilizados pelos investigados.
“De maneira inicial, é o começo da investigação, conseguimos esse mapeamento. Tanto que hoje, com um único alvo, foram apreendidos vários carros, Ferrari, Rolls-Royce, avaliados em mais de R$ 15 milhões; mais de US$ 220 mil com outro; e US$ 150 mil com outro [investigado]. […] Isso, por si só, aponta a gravidade daquilo que estamos falando e o tiro certo que demos nessa investigação”, ressaltou Andrei.
O esquema bilionário de descontos indevidos sobre aposentadorias do INSS foi destrinchado em uma série de reportagens do Metrópoles. De acordo com a PF, as cobranças chegam a R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024.
Proteção aos beneficiários
Em coletiva de imprensa, na manhã da quarta, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que o presidente Lula demonstrou “preocupação” com a operação que mirou a cúpula do INSS.
“O presidente demonstrou grande preocupação e interesse em relação a tudo o que ocorreu. Pediu detalhes”, disse o ministro. O titular da pasta também ressaltou que a ação da PF teve o objetivo de proteger os beneficiários do INSS.
“É uma fraude contra aposentados. Pessoas que estão em uma fase adiantada da vida e, por isso, estão naturalmente debilitadas e foram vítimas fáceis desses criminosos que se apropriaram das pensões e aposentadorias”, frisou.
Fraude é 2º escândalo no INSS do Lula 3
O esquema fraudulento de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS, alvo de operação da Polícia federal na quarta-feira, 23, não é o primeiro escândalo envolvendo o instituto no governo Lula 3.
Afastado do cargo pela Operação Sem Desconto, Alessandro Stefanutto tomou posse em julho de 2023, para suceder Glauco Wamburg, demitido por Lula por suspeitas de irregularidades.
Wamburg ficou cinco meses à frente do INSS, após ser nomeado pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, em fevereiro de 2023. Servidor de carreira, foi exonerado após se tornar suspeito de promover uma “farra de passagens” na chefia do INSS.
O portal Metrópoles apontou que Wamburg viajava para compromissos particulares, principalmente para o Rio de Janeiro, onde tem residência fixa, com passagens e diárias custeadas com dinheiro público. Entre as atividades na capital fluminense, o então presidente interino do INSS atuava como professor em uma faculdade particular.
Após a saída de Wamburg, Lupi nomeou Stefanutto no dia 5 de julho de 2023 para assumir o INSS.
Na quarta-feira, após ser afastado do cargo pela Operação sem Desconto – que investiga um esquema fraudulento de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do instituto, o presidente Luiz Inácio Lula mandou demitir Stefanutto. Segundo a Coluna do Estadão, ele já pediu demissão do cargo.